Camisa 10 da seleção holandesa, 3 Copas do Mundo, passagens por clubes como Manchester United, Barcelona e Atlético de Madrid. Com essa breve descrição, é improvável imaginar que estejamos falando do currículo de um jogador que atua no Brasil, mas isso se tornou real quando o atacante holandês Memphis Depay foi contratado pelo Corinthians, em Setembro de 2024.
O jogador que é nascido na Holanda mas tem ascendência ganesa, oriunda de seu pai, é a grande contratação do Timão na última janela de transferências. Um reforço de impacto que, sem sombra de dúvidas, demonstra o quanto o futebol brasileiro se tornou mais conhecido e atrativo para grandes estrelas do futebol mundial.
Certamente se essa mesma notícia, relacionada ao interesse do clube paulista em Memphis, fosse ventilada em um passado não tão distante, como em 2022 por exemplo, ano de Copa da qual ele seria convocado, ou até mesmo no início da Eurocopa deste ano, poderia soar como sem sentido ou pura ilusão para muitos torcedores. Mas o que em certo momento poderia parecer apenas um sonho, se tornaria realidade, graças a ousadia do Corinthians no mercado, que na ocasião já vinha sondando nomes de peso, e também pela disposição do astro holandês, que viu com bons olhos a chance de atuar no futebol sul-americano, em uma liga competitiva e com bastante visibilidade, como o Brasileirão, embora de nível inferior se comparado às grandes ligas europeias.
Carreira na Europa
Revelado pelo PSV, Memphis Depay já surgia como uma das boas revelações do clube holandês em meados de 2012, mas foi na temporada 2014/15 que ele viria a se destacar de vez, sendo artilheiro da Eredivisie daquele ano com incríveis 22 gols em 30 jogos e se consagrando como melhor jovem jogador e melhor jogador holandês do ano, além de arrematar o título da liga, que não era comemorado pelo clube de Eindhoven desde 2008.
Valorizado pelas boas temporadas e sendo já naquela altura o grande destaque do time, Memphis acumulou convocações para a seleção principal da Laranja Mecânica e em 2014 foi levado pelo técnico Louis Van Gaal para a Copa do Mundo, disputada aqui no Brasil. Naquela mesma edição, ele se tornaria o jogador mais jovem a marcar um gol em Copas pela seleção holandesa e terminaria a competição com 2 tentos e o terceiro lugar na competição, garantido após uma vitória sobre o Brasil.
Em 2015, após a Copa, Memphis foi anunciado pelo Manchester United, clube no qual reencontraria Van Gaal, que foi seu treinador nos tempos de PSV e de seleção holandesa. Por lá permaneceu por 2 temporadas até se transferir para o Lyon, da França, onde ficaria até 2021. No clube francês pôde recuperar o bom futebol, praticado nos tempos de PSV e brigar por artilharia com craques como Neymar, Cavani e Mbappé.
Depois ainda teria passagens sem brilho por Barcelona e Atlético de Madrid, ambos da Espanha, até chegar ao Timão no ano de 2024, após ficar livre no mercado.
Projeto ambicioso e vinda para o Brasil
Devemos creditar a oportunidade de ver um atleta de alto nível como Memphis atuando em solo brasileiro ao grande esforço e manobra feitos pelo Corinthians, uma vez que o jogador ainda possuía mercado na Europa e vinha sendo cogitado em outros clubes de primeiro e segundo escalão.
O acordo foi fechado para o pagamento da bagatela de 3 milhões mensais de salário, dos quais seriam divididos entre o Corinthians e a sua patrocinadora máster. No projeto apresentado está vinculado as vendas de camisa e as ações de marketing promovidas com o nome e imagem do craque.
Logo ao chegar, Memphis, refutou que prefere ser chamado pelo primeiro nome, em razão de seu sobrenome Depay ser uma herança de seu pai, que o abandonou quando criança. O nome também justifica as suas raízes ganesas, onde seu pai nasceu e onde Memphis mantém uma ligação constante, com visitas ao país africano e projetos para desenvolvimento de atletas.
Rápida adaptação e interesse pela comunidade
Desde que chegou no Parque São Jorge, Memphis tem chamado atenção por não se importar de estar “no meio do povo”. Por diversas vezes já foi flagrado em comunidades interagindo com a galera e fãs das mais diversas idades e classes sociais, aderindo ainda mais essa identidade corinthiana de viver e fazer parte do torcedor raíz e mais “favela”.
Dentro de campo as atuações impressionam. Gols de falta, assistências e lances que o credenciam a ser um jogador extremamente diferenciado e de qualidade técnica muito superior, demonstram que todo o esforço para a sua chegada já tem valido a pena.
As boas atuações renderam à ele não só um destaque individual mas elevou o time em termos de qualidade e eficácia coletiva, tendo em vista que antes de sua chegada o clube brigava contra o rebaixamento para a Série B e no final, com tamanha arrancada, terminou na 8º colocação, fisgando assim uma das vagas para a pré-libertadores. Efeito Memphis? Acredito que o torcedor corinthiano pode dizer isso com muito mais convicção.
Deixe um comentário